Sim, essa foi a primeira foto que tirei
Foi uma pequena temporada de carnaval a que passei nesse país, que parece que eu nunca tinha estado, mesmo que já nos conhecêssemos tão bem. 
A família, só o tempo ensina sua importância. Não que a gente não saiba desde o início, ou não aprenda, ou esteja desatento - é que, como tudo o que é vivo, cresce com o tempo também sua importância. É, portanto, preciso curiosidade para se desfrutar das possibilidades que uma família pode ser. Um repensar, uma dança, um inventar, uma insistência. Uma viagem. Várias, de idas e vindas.  
Minha prima Ana Paula conheci quando tinha em torno de 10 anos e ela, as irmãs e meus tios foram ao Rio. De lá pra cá, uma vida inteira em encontros. Já pensou se desencontrar de alguém?
Fotos da última vez que estivéramos juntes, quando a sorte nos reuniu em 2023, pra um sorverte que não foi na Ribeira, e cujas fotos eu ainda estava devendo compartilhar! 
Mas voltando à Bahia...
Essa aqui de cima foi Paula, que nos atendeu no Kiosk Oxalá, e veio nos perguntar se poderia tirar uma foto nossa pois a cena estava muito bonita. Agradecemos encontrar gente que vê beleza na gente e quer registrar. Dias depois, Patrícia fez o mesmo conosco (a foto abaixo), diante de outro mar da Bahia. Diante do mar, ficamos mais sensíveis? A pele realmente queima mais, a vista coça querendo fazer água também; o ouvido se enche parece de tempestade; no coração, sem dúvidas, há mar! 
Eu fazendo o P - amei a terceira foto e o movimento do caminho: gente passando, gente correndo, segue o caminho, bicha! 
Aí vão algumas das fotos mais lindas dessa vida:
Eu amo quando o corpo inteiro posa! Perna, braço, cabeça, mãos, pés, dedos, boca, olhos, testa, nariz, joelhos, cabelo, vento, molejo, quebrada, postura, olhar, suíngue, cadência, jeitinho, sentada, encolhe, empina, sorri, pisca, não fecha o olho.
A seguir, fotos com um filme Lomo, que eu costumava usar em 2009, 2010, 2011, quando comecei a fotografar com uma câmera Diana Mini, que usamos até hoje e apelidamos de Lominho. <3 Além de belas, são fotos com a textura das minhas memórias! 
A poesia também é uma arma
"Não é preciso repetir que o nazismo, acima de tudo, odeia a inteligência e a cultura. Bem sabe ele que estas são armas da liberdade e que, enquanto elas existam, não lhe é possível dominar o mundo."
Essas lindas fotocas na Fundação e na própria casa de Jorge Amado y Zélia Gattai.  A frase ali em cima é o título de um texto de Jorge, escrito em 1943, em que explica porque o nazismo estava matando cientistas, poetas e artistas: porque o fascismo não quer que se inventem outras possibilidades que não a de sua hegemonia e dominação. Poetas e artistas estamos aí, insistindo na imaginação e na esperança de que a vida é também bela e pode ser outra. 
O texto foi publicado em sua coluna diária "A hora da Guerra", em que Jorge Amado escrevia sobre os acontecimentos do tempo da segunda guerra mundial, dessa casa no Rio Vermelho. Muito tem a História a nos ensinar. Do aniversário de 1 ano da coluna, em 23/12/1943:
"Não creio, porém, que nenhum escritor possa, no momento presente, manter-se nos limites da sua obra de criação, seja o romancista, o poeta, o cientista. Tem a obrigação de empregar sua capacidade de escritor no esclarecimento dos problemas referentes à guerra, dos problemas imediatos, esses que surgem todos os dias". 
A casa de Jorge e Zélia me lembrou as casas de Frida Kahlo, na Cidade do México, e Pablo Neruda, em Santiago. Lugares de criação, arte, filosofia, reunião de amizades y fazeres políticos - todos sujeitos conectados à luta comunista internacional.  
Encontrar as amizades, honrar as reuniões no tempo. Que alegria encontrar Cla, Alê, Ju y Di! Se encontrar no mundo. 
Prima, sua maravilhosa, muito obrigado pela recepção! Abrir sua casa, seus dias, seu carnaval e intimidade pra gente! 
O que fica da Bahia quando se vai de lá? Memórias que a fotografia não captura, emoções que vamos levar conosco pra sempre! A certeza de voltar.

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