Nascido em Cametá, Mestre Cupijó foi um músico e compositor, clarinetista e saxofonista, também advogado e vereador. Mestre Cupijó temperou o Siriá com criatividade, sensibilidade, novidades e muita inteligência. Suas músicas rodam o mundo e fazem o mundo rodar. Sem dúvidas, um dos maiores músicos do Brasil, ao lado de Mestre Verequete, Pinduca, Mestre Damasceno, Dona Onete e Nazaré Pereira.
Espalhadas pelos cantos pelos cantos de quem canta, sementes de Mestre Cupijó floresceram florescem por aí e por aqui A partir de um projeto de pesquisa, registro e memória de Jorane Castro, sobrinha do mestre, o grupo de artistas foi reunido para revisitar a obra. Em 2017, o resultado foi apresentado em show do Baile do Mestre Cupijó. Sete anos depois, o grupo disponibilizou suas gravações nas plataformas digitais e fez mais um show, com as participações especiais de Dona Onete, Waldo Squash, Felipe Cordeiro e AQNO, com a preciosa abertura de Layse e os Sinceros.
. O Baile do Mestre Cupijó é formado por Marcos Sarrazin (sax tenor), Felipe Ricardo (sax alto), Handel Alcântara (trompete), Lulu Bone (trombone), JP Cavalcante (voz e maracas), Kleyton Silva (voz), Danilo Rosa (guitarra), Luan Lacerda (baixo), Rafael Barros (percussão: trio de congas/curimbó/surdo) e Adriano Souza (bateria). Quanto homem, ufa. [Nas gravações, o banjo é de Renata Beckman, mas ela não estava na apresentação.
. Eu havia passado a Festa da Carne no Rio Tentem, entrando no rio Tocantins, pra lá pra Cametá. Uma festa bonita do corpo, do som, da alegria, da bicharada, do Banguê, das Fanfarras, do Siriá. A beleza inimaginável de bailar o carnaval das águas, mascarados em cima dos rios, fazendo popopo com o pé. Foi quando retornei a TAMBEMBELA que soube: as sementes do mestre floresceriam, noite de baile seria!
Siriá foi um dos primeiros discos que tive na vitrola. Foi emocionante ver as músicas de Mestre Cupijó sendo feitas à mão outra vez, agora bem na minha frente. Também dentro de mim. À vista no sopro, na ponta dos dedos, no fundo da garganta. Também na impossibilidade de ficar parado, no deslumbramento do corpo, no mambo, no farol, no vai e vem.
Foi bonito também ver um filho de Mestre Cupijó recebendo o reconhecimento da grandeza da contribuição de seu pai. Pelo trabalho do grupo, pelo carinho do público. Ainda faltam às autoridades públicas reconhecer o serviço prestado por Mestre Cupijó e tantos outros ao patrimônio cultural e histórico dessa nação, assim como ao imaginário popular dessas terras.
Somos corpos que dançam porque mestres e mestras inventaram essa possibilidade. Sujeitos que se divertem, sonham, bailam, fazem música porque conhecemos as possibilidades da existência a partir do que nos deixaram esses mestres e mestras. O Baile do Mestre Cupijó é um belo exemplo de como resguardar a memória, apresentá-la a novos públicos, preservar a cultura tradicional, dar continuidade ao fazer popular, celebrar a vida, animar o futuro!
Vida longa ao Mestre, ao Baile! Vida longa ao grupo, à música, à memória!